domingo, 12 de setembro de 2010

XINGU VIVO PARA SEMPRE

"Aho!" foi assim que fui cumprimentada por um índio da aldeia de Arara em visita a um seminário no Mato Grosso do Sul sobre transição para a sustentabilidade, no começo achei estranho, até que depois de uns 15 minutos de conversa e uns 10 ‘aho’ falados eu também já estava falando "aho!" quase que inconscientemente, e ele tentou me convencer que não, que eram as raízes aflorando, e foi me explicar o significado simples, e tão importante que abriu portas de ignorância para mim naquele momento! "Aho" seria como um 'estou com você' 'concordo com suas idéias' (e não tem NADA haver com o corvo do Naruto!!!) E foi assim que conheci o movimento Xingu vivo para sempre! E me encantei com eles, conversamos sobre 20 anos atrás, conversamos sobre o uso do rio Xingu pela população tradicional e conversamos sobre a economia de Altamira-PA; com propriedade de quem procurou saber sobre o assunto que eu venho falando com todos que me conhecem o quanto essa UHE irá atrapalhar a vida daquele ambiente.


Primeiro a natureza, falando ambientalmente, os impactos de uma hidrelétrica são gigantescos, uma barragem em um rio do porte do Xingu gera uma mortalidade intensa para os seres da região, além da quantidade de matéria orgânica que será alagada gerando decomposição e liberação de gás metano para a atmosfera, passando pelo risco de seca para a população que depende do curso hídrico e mexendo com a economia é temido que os agricultores das áreas alagadas não recebam a “devida” indenização além da ‘geração de empregos’ que vem sendo utilizada, esta só será oferecida aos moradores da região na fase da construção da usina, como subempregos, depois disso poucas pessoas todas especializadas serão contratadas, de provavelmente outros estados, voltando a trazer desemprego para a população que além de tudo estará sofrendo com seca, aquecimento global, falta de recursos hídricos e sem terra já que serão desalojados.

Um desses grupos que mais vem lutando e chamando atenção são os povos indígenas, a população tradicional ribeirinha e indígena foi marginalizada no processo que culminou na licença ambiental prévia de Belo Monte assim várias pessoas começaram seus protestos, na cidade mais populosa das quatro que sediarão a hidrelétrica Altamira com cerca de 80mil habitantes, dando voz a esses grupos tradicionais e com o título de ‘XINGU VIVO PARA SEMPRE’ vêm lutando pelas populações indígenas, ribeirinhas, extrativistas, dos agricultores e agricultoras familiares, dos moradores e moradoras da cidade, dos movimentos sociais e das organizações não-governamentais da Bacia do rio Xingu lutando para que não seja construída a UHE de Belo Monte buscando alternativas sustentáveis para o problema da energia como a promoção de fontes renováveis de energia, como energia solar e eólica. Um estudo realizado pela WWF- Brasil, publicado em 2007, mostrou que até 2020 o Brasil poderia reduzir a demanda energética prevista em 40% por meio de investimentos em eficiência energética. A energia economizada, com a modernização do atual modelo, sem novas barragens, seria equivalente a 14 hidrelétricas de Belo Monte e representaria uma economia de cerca de R$33 bilhões para os cofres brasileiros. Queremos desenvolvimento, mas com compromisso social e ambiental!

VIVA XINGU VIVO PARA SEMPRE!

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