segunda-feira, 21 de março de 2011

A CAMINHO DE UMA RECONCILIAÇÃO ENTRE O SER HUMANO E A NATUREZA




Os grandes problemas da conservação da natureza estão, na realidade, intimamente ligados aos da sobrevivência do próprio ser humano na Terra.

Certos filósofos não hesitam em afirmar que a humanidade está mal encaminhada. Não nos cabe aqui fazer semelhantes considerações ou julgamentos, porém podemos afirmar, de acordo com todos os biólogos, que o ser humano cometeu um erro capital pensando poder isolar-se da natureza e não respeitar certas leis de alcance geral. Existe, já há muito, um divórcio entre o ser humano e seu meio.

O velho pacto que unia o primitivo e seu habitat foi rompido de modo unilateral pelo ser humano, logo que este considerou ser suficientemente forte para seguir apenas as leis elaboradas por si mesmo. Devemos reconsiderar essa posição, mesmo que nosso orgulho sofra, e assinar um novo pacto com a natureza, que nos permita viver em harmonia com ela. É a melhor maneira de extrair do meio um rendimento que possibilite ao ser humano manter-se sobre a Terra e fazer com que sua civilização progrida tanto no plano técnico quanto no plano espiritual.

Só essa harmonia tornará possível salvar, simultaneamente, o ser humano e a natureza selvagem, dois aspectos, dois lados de um mesmo problema que durante muito tempo se pensou poder dissociar; no entanto, constata-se atualmente que estão intimamente ligados, e não é mais possível separá-los. A natureza não deve ser salva para rechaçar o ser humano, mas sim porque a salvação dela constitui a única probabilidade de sobrevivência material para a humanidade, devido à unidade fundamental do mundo onde vivemos.


Adaptado de: Jean Dorst, Antes que a natureza morra, São Paulo: Edusp, 1973.